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terça-feira, 12 de maio de 2015

Candomblé e seus mistérios: os orixás e seus fundamentos




Origens


No período da escravidão, os escravistas eram interessados exclusivamente na força de trabalho do africano, mas nos porões dos navios negreiros, além de músculos, vinham ideias, sentimentos, tradições, mentalidades, hábitos alimentares, rituais, canções, crenças religiosas, formas de ver a vida, e o que é mais incrível, o africano levava tudo dentro de sua alma, pois não lhe era permitido carregar seus pertences.
Da Nigéria e do Benin vieram as principais raízes dos cultos afro-brasileiros, o Candomblé da Bahia, o Xangô de Pernambuco, o Tambor de Mina do Maranhão e o Batuque do Rio Grande do Sul, os quais possuem fortes vínculos de origem com as crenças religiosas dos povos de língua iorubá e fon.
Em Ouida, onde ficava um dos grandes portos de embarque de escravos, os negros percorriam um caminho de cinco quilômetros da cidade até o porto. Neste percurso todo escravo que era embarcado, eram obrigados a dar voltas em torno de uma árvore. A árvore do esquecimento.
Os escravos homens deviam dar nove voltas em torno dela. As mulheres sete voltas. Depois disso supunha-se que os escravos perdiam a memória e esqueciam seu passado, suas origens e sua identidade cultural, para se tornarem seres sem nenhuma vontade de reagir ou se rebelar.
Mas, o escravo não esquecia nada, porque quando chegou aqui recriou suas divindades. Conseguiu refazer tudo aquilo que ficou para traz. Hoje, nos diversos estados brasileiros se tem verdadeiras ilhas de África, pois se mantém muito vivas as tradições religiosas iorubá e jêje. Devido à multiplicidade nas origens, a estruturação e a prática dos rituais tomaram formas diferentes em cada região do país.
No Batuque do Rio Grande do Sul, também, os religiosos pertencem a nações diversas, portanto, possuem tradições diferentes. Todavia, a influência da nação Ijexá é grande no conjunto dos rituais africanos executados nos terreiros de origem Jêje, Oyó e Cabinda.

Orixás
Orixás, regentes do mundo terrestre com várias definições a seu respeito, mas em princípio os Orixás são divindades intermediárias entre o Deus Supremo, Olorum, e o mundo terrestre. Foram encarregados de administrar a criação e a continuidade da vida na terra.
Os Orixás se comunicam com os seres humanos através de vistosos e complexos rituais. As estórias de cada um são conhecidas através das rezas (cânticos), suas comidas, no ritmo de seus toques, nas suas cores e seu domínio em determinadas forças da natureza.
Os Orixás estão subordinados a um Deus Supremo chamado Olorum ou Olodumare, mas não há nenhum culto ou altar dirigido diretamente à ele, o contato é feito através dos Orixás, seus intermediários.
Nossa tradição guarda o axé (força) de cada Orixá em um Okutá (pedra) que é colocada em uma vasilha junto a outras “ferramentas”, que ficam sob a guarda do babalorixá ou Yalorixá; mas a força maior está solta na natureza, apenas parte dela, simbolicamente fica no Okutá.
Nas cerimônias para convocar os Orixás, tradicionalmente, é através de cantos acompanhados com o toque dos tambores, com ritmos identificados para cada divindade.
As cerimônias são diversas, são ofertados presentes, comidas diferentes para cada um e sacrifícios que envolvem animais de quatro pés e aves; tirando a parte dos Orixás toda carne é consumida pelos participantes e membros da comunidade. Aos orixás rogam-se proteção, saúde, paz, em fim, pedidos específicos às necessidades de cada um em particular.
Os Orixás intercedem de acordo com o domínio que cada um exerce sua influência no aspecto da vida, como por exemplo, Bará para abrir os caminhos, Xangô para justiça, Oxum para fertilidade e assim por diante.
É magnífico poder escrever sobre a religião africana, mas há rituais muito particulares, nos quais alguns praticantes, não estão se preocupando em guardar o segredo, alguns estão colocando em público, rituais que os antigos levariam anos, até passarem para aqueles que mostravam sigilo absoluto, e que guardariam para confidenciar apenas aos seguidores de merecimento. Todas as religiões importantes do mundo doutrinam e ensinam, mas os maiores segredos um mestre só passa para outro mestre.
Existem aspectos cerimoniais que regulam o relacionamento dos serem humanos com as divindades. As regras são muitas, numa espécie de quebra cabeças, com começo, meio e fim, montado com interpretações simbólicas dos mitos que envolvem os orixás, e constituem uma grande rede interligada de deveres e direitos, obrigações e possibilidades, extremamente complexa e cheia de nuanças, inclusive possibilitando diversas variações que só quem é do meio pode saber e executar. A forma organizada na África deve ser perpetuada. Não temos o direito de mudar algo estabelecido a séculos, mesmo que queiram rotular nossos rituais de primitivos e ultrapassados, temos que procurar manter a força espiritual que envolve nossa religião, esta poderosa raiz deixada por nossos ancestrais.
Um caminho que nos faz ter contato com os orixás é através da incorporação; este é o processo pelo qual a entidade se manifesta em seu filho(a) que passou pelos mais diversos rituais de iniciação. Contudo há casos de incorporação de não iniciados. É possível uma pessoa estar assistindo um ritual pela primeira vez e se identificar com as forças espirituais energéticas referentes ao seu orixá, e ter esta manifestação espontânea.
Na maior parte, a manifestação dos orixás acontece em dias de festas. No batuque, nestas ocasiões, podemos falar; pedir auxílio, consultar, abraçar e ser abraçado por eles; em fim pode-se ter um contato direto com os orixás. Uma característica específica que diferencia o batuque das demais religiões afro-brasileiras é o fato do iniciado não saber, em hipótese alguma, que é incorporado pelo orixá. Esta peculiaridade provém de longínquas aldeias do interior da África, e faz parte dos rituais desde o início da estruturação da religião no Estado do Rio Grande do Sul a mais de duzentos anos.
Outro caminho que nos leva aos Orixás são os Búzios. A cerimônia do jogo dos Búzios é o instrumento usado no dia a dia para consulta aos Orixás. Através dele podemos receber orientações, conselhos e advertências.
Os Orixás cultuados no Batuque do Rio Grande do Sul são: Bará, Ogum, Oyá ou Iansã, Xangô, Ibêji, Odé, Otim, Obá, Ossãe, Xapanã, Oxum, Yemanjá e Oxalá.
SAIBA MAIS

Umbanda | Dogmas, Crenças e Fundamentos



Dogmas, Crenças e Fundamentos
Dogma é o ponto fundamental de uma doutrina religiosa. A Umbanda também possui seus dogmas, crenças e fundamentos.
  • Acreditamos em Deus eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, onisciente e onipresente;
  • Cremos na existência dos Orixás, Espíritos de Plano Superior, que comandam as 7 linhas ou vibrações da Umbanda;
  • Temos a reencarnação como ponto pacífico, logo, indiscutível;
  • Cremos na existência de seres fora da matéria e na sobrevivência de nossa própria alma após a morte do corpo físico, significando que o espírito não morre, mas sobrevive ao homem, em caminho de evolução;
  • Há possibilidade de comunicação com espíritos desencarnados, através da faculdade mediúnica;
  • Existe uma Lei de Causa e Efeito, pela qual colhemos tudo o que plantamos. Não há acaso, tudo é consequencia;
  • O progresso individual ou as situações na vida são produtos de seu livre arbítrio ou escolha das provas antes da descida à matéria;
  • Amai-vos uns ao outros é o lema principal da Umbanda, manifestado na prática da caridade , tanto na palavra como na ação;
  • Acreditamos a existência de ouros mundos habitados, não constituindo a Terra exceção do universo. Há mundos mais adiantados e orbes mais atrasados. A terra é um plano de expiação, aprendizado e de correção moral;
  • Não há espíritos voltados eternamente para o mal, mas seres em estágio de aprendizado;
  • Todos temos guias espirituais que nos acompanham nos moldes dos anjos de guarda, porém, com faculdade de se comunicarem conosco, através da mediunidade;
  • Jesus Cristo foi o espírito de categoria mais elevada que já encarnou entre nós;
  • Adotamos a liberdade da prática religiosa, respeitadas, entretanto, as leis dos poderes legalmente constituídos;
  • Todos somos iguais, porque somos filhos do mesmo Deus de justiça, Sabedoria e Amor;
  • A afirmação de que todas as religiões constituem os diversos caminhos de evolução espiritual que conduzem a Deus, significando que todas as religiões têm uma única finalidade: Aperfeiçoar o homem e levá-lo para Deus. Daí o nosso respeito a todas elas, pois cada um se afiniza com uma corrente religiosa que esteja em correspondência ao seu grau de compreensão e evolução.